domingo, 7 de dezembro de 2014



Em pleno século 17, um músico da corte de Luiz 14 relembra sua introdução no mundo artístico supervisionado pelo seu rigoroso mestre de viola de gamba.

Ler critica:

Giovanni Gigliozzi Bianco

Todas as Manhãs do Mundo é um grande filme de Alain Corneau.

Cinema e música em uma mistura que te transporta ao século XVII, para a história do mestre violista Sainte Colombe. O filme não é exatamente biográfico, afinal, quase nada se sabe realmente sobre a vida de Sainte Colombe. Entretanto, a ficção, criada em torno desse personagem real, é uma história muito envolvente.
Mestre incomparável da viola de gamba, Monsieur de Sainte-Colombe é atormentado com a morte prematura de sua amada esposa, o que o faz se insular ainda mais em seu universo musical, distante não só do convívio social, mas também convictamente crítico dos círculos da música palaciana. Suas duas filhas, a talentosa e frágil Madeleine (Anne Brochet) e a inquieta Toinette (Carole Richert), crescem nesse ambiente de pouco contato humano e grande erudição musical. Logo se tornam cantoras líricas e aprendem também o ofício do pai. Porém, assim como ele, apresentam-se raramente e passam os dias em sua propriedade em uma região rural da França. O grande isolamento da família será perturbado pelo talentoso jovem Marin Marais (Guillaume Depardieu), que deseja ser aprendiz do mestre violista e se logo tornará um importante músico na corte francesa (vivido, na idade adulta, por Gérard Depardieu). Nem mesmo o decorrer de muitos anos apaga a dor de Sainte-Colombe. Em sua solidão e busca pela “verdadeira música”, compõe e toca, por horas a fio, algumas das mais grandiosas músicas barrocas, inspiradas na tristeza e no desejo da transcendência.
O filme é uma obra de grande beleza. A atmosfera barroca fica lindamente recriada com um excelente trabalho conjunto de música, figurino, fotografia e enquadramento. Predominam as cenas sem fala ou com diálogos minimalistas, acompanhados de fortes expressões faciais e corporais. A fotografia cria verdadeiras pinturas barrocas -- onde predominam os motivos domésticos, as naturezas-mortas e os retratos obscurantistas, expressos na película pela iluminação parca e envelhecida das velas e pelo grande contraste de luz e sombra.
As interpretações são marcantes e cheias de densidade. Jean-Pierre Marielle encarna a sobriedade rígida, amarga e lacônica do mestre compositor em uma atuação impressionante. Vale a pena conferir!
filme completo e legendado: https://www.youtube.com/watch?v=owvrVSU-0wU

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